Nossos olhos se acostumam. E porque se acostumam, nosso olhar é sempre passado. Olhamos, mas não enxergamos a realidade real. Enxergamos o que estamos ou fomos acostumados a ver. Muitos falam sobre o “novo normal” após a pandemia da COVID-19. Ilusão! O normal nunca é novo, porque é passado. O que você vê hoje é diferente do que via há dois anos atrás? Você enxerga as mudanças? Provavelmente não. Mas muita coisa mudou.

Tem mais gente morando nas ruas, mais pobreza e fome, um massacre na Ucrânia, mais desigualdade, mais crianças abandonando as escolas, existe também mais pessoas se doando em prol dos outros, mais ajuda humanitária, mas nossos olhos não enxergam: porque estão acostumados.

E não estou falando do Brasil apenas. O mundo passa por graves doenças, mas o Coronavírus não é o causador maior. Adoecimentos sociais se agravam todos os dias em preconceitos, ódios, injustiças sociais, vinganças, assassinatos por “balas perdidas” – enxergamos pessoas mortas por tiros, mas normalizamos os criminosos ao qualificar o tiro como “bala perdida” e assim acostumamos nosso olhar.

O que podemos enxergar ao ver o gráfico abaixo publicado no site do jornal O Estado de São Paulo há poucos dias:

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(Foto | Reprodução: O Estado de São Paulo)

O que você enxerga nesse gráfico? Um “novo normal” ou um agravamento do “velho normal”? Enxergar essa realidade hoje significa que precisamos da mobilização de todos nós. Ou a saúde mental e emocional é um problema apenas do governo e das famílias que, infelizmente, possuem um membro portador de uma destas doenças?

O que estamos enxergando que não nos mobiliza a buscar a cura e as “vacinas” também para as doenças sociais?

Talvez, o “novo normal” acontecerá quando nossos olhos enxergarem a realidade de agora e, ao verem que somos parte tanto da doença como da cura, façam nossa inteligência coletiva se voltar para nossas responsabilidades sobre esse estado de coisas.

Mas, cuidado! Nossos olhos se acostumam…